Tecnologia e educação: quais os desafios de implantá-la no ensino
Em um mundo conectado em rede, no qual as crianças já nascem em um contexto permeado por ferramentas digitais, aliar tecnologia e educação nunca foi tão necessário.
A cada dia, mais instituições de ensino percebem a importância de aderir à transformação digital e trazer para a rotina educacional métodos alinhados com as vivências de crianças, adolescentes e jovens das novas gerações.
Apesar de ser algo muito positivo, a adequação a novas formas de aprender e ensinar exige cuidados e estudos aprofundados. Para que os recursos modernos enriqueçam a prática pedagógica, eles precisam ser explorados a partir de metodologias consistentes.
Neste texto, você vai entender quais são os principais desafios que gestores e educadores estão enfrentando em relação ao uso de tecnologia e como superá-los em busca de uma educação interdisciplinar e híbrida.
Como a tecnologia se faz presente na educação?
Integrar tecnologia e educação vai muito além de usar ferramentas pontuais de forma eventual na sala de aula. É possível que ferramentas tecnológicas façam parte de toda a rotina de uma instituição de ensino. A seguir, veja alguns exemplos.
Gestão
A gestão educacional é uma das grandes beneficiadas com a integração de tecnologia e educação. Em meio a um dia a dia repleto de responsabilidades e tomadas de decisão, é preciso trabalhar de forma eficaz.
Por isso, ela ganha na tecnologia uma aliada para otimizar processos, conferir maior índice de acertos e garantir melhores resultados em iniciativas e planejamentos.
Com o auxílio de ferramentas de automação e de análise de dados, o gestor tem à mão informações precisas para criar melhores estratégias pedagógicas e administrativas. Isso traz mais agilidade à rotina de trabalho, além de melhorar o atendimento oferecido aos alunos e às famílias.
Professores
Para os professores, a união de tecnologia e educação possibilita que novas metodologias de ensino sejam utilizadas. Elas passam a ser mais adequadas ao contexto dos alunos, que convivem diariamente com essas ferramentas digitais.
Segundo uma pesquisa realizada pelo Cetic.br na pesquisa TIC Educação 2018, 76% dos professores brasileiros procuram usar algum recurso tecnológico nas aulas. Mais da metade dos educadores entrevistados afirmou se preocupar em orientar os alunos sobre o melhor uso dos aparelhos eletrônicos e da internet.
Em vez de métodos tradicionais, os professores podem, portanto, inovar suas propostas, tornando-as mais atrativas aos alunos e caminhando rumo a estratégias pedagógicas centradas no estudante, como a utilização da sala de aula invertida.
Alunos
É comum ver crianças na primeira infância completamente à vontade no manuseio de ferramentas digitais. Levar esse recurso para a sala de aula sem que essas ele esteja integrado ao processo educacional pode gerar desinteresse e frustração.
Aliando tecnologia e educação, é possível atender nativos digitais e outras gerações já adaptadas ao contexto tecnológico. O aprendizado se torna muito mais fluido e prazeroso, tornando os alunos mais aplicados e engajados.
Quais são os desafios de unir as duas áreas?
É claro que, como em qualquer outro processo de inovação, existem desafios para colocar em prática a integração de tecnologia e educação. Entenda, a seguir, alguns dos fatores que a gestão escolar precisa avaliar e como superar possíveis obstáculos.
Engajamento dos alunos
Um dos grandes receios de educadores quando o assunto é tecnologia em sala de aula é a questão da perda de foco nos conteúdos pelo simples manuseio das ferramentas.
Encontrar equilíbrio nesse sentido, certamente, é um dos maiores desafios. Porém, não pode ser pretexto para que se abandonem iniciativas tecnológicas na educação, afinal, elas podem ser muito úteis.
Em vez de banir ferramentas digitais das instituições de ensino — como era feito anos atrás —, é preciso desenvolver maneiras de conscientizar os alunos em relação ao uso e engajá-los com metodologias que tragam a tecnologia como suporte, sendo intermediária para processos valiosos.
Adaptação dos professores
A internet facilitou o acesso à informação; atualmente, pessoas de todas as idades têm nela importante fonte para aprendizado. Frente a isso, o papel do professor também muda, já que ele não é um detentor exclusivo de conhecimentos.
Em vez de transmissor de saberes, o professor passa a atuar como intermediador entre a informação e o aluno, além de mentor, para que a aprendizagem seja facilitada.
O professor também precisa ter uma mentalidade de educação interdisciplinar, em que conteúdos de diferentes áreas possam ser cruzados e contextualizados para um aprendizado mais orgânico e próximo à realidade.
É preciso que a gestão garanta ações de treinamento e atualização, para que os professores — muitas vezes, de gerações mais antigas — possam se adaptar ao novo contexto.
Atualização constante
Um dos desafios de lidar com tecnologia é seu constante e rápido desenvolvimento. Plataformas e métodos usados há poucos anos hoje já são descartados, o que, é claro, gera custos para a gestão.
Melhor do que encarar isso como um problema é perceber as possibilidades em torno dessas transformações constantes.
A gestão educacional que acompanha esses movimentos consegue estar permanentemente atualizada e é beneficiada pelo que há de mais eficiente no meio tecnológico, obtendo, assim, resultados melhores.
Ferramentas corretas
A escolha de ferramentas certas é ponto central da transformação tecnológica no contexto educacional. Como mencionamos, não basta usar a tecnologia na escola; isso precisa acontecer com uma metodologia consistente, que já se inicia na seleção dos recursos usados.
Essa deve ser uma preocupação dos gestores e educadores, pois vai influenciar diretamente o sucesso da aprendizagem. Atualmente, já é possível utilizar em sala de aula artifícios como:
- lousas digitais;
- realidade virtual e aumentada;
- gamificação;
- computadores e tablets;
- músicas, vídeos e áudios;
- aplicativos;
- ambientes virtuais de aprendizagem;
- ferramentas de busca na internet;
A diversidade das ofertas pode causar indecisão, mas um estudo aprofundado sobre benefícios e formas de integrar cada uma dessas tecnologias é fundamental.
São as ferramentas corretas que produzirão engajamento, estímulo e interação na medida certa para a transmissão de conteúdos e construção do conhecimento.
Interdisciplinaridade
Um dos grandes alvos na atualidade é a educação interdisciplinar, que fomenta o diálogo entre duas ou mais áreas de conhecimento, em vez de se ater a saberes fechados em si mesmos.
A interdisciplinaridade é mais desafiadora, pois exige métodos inovadores, domínio dos conteúdos e parceria entre professores, gestão e tecnologias. No entanto, os resultados são extremamente gratificantes e permitem que os alunos tenham uma visão mais completa do mundo e dos saberes.
Associar tecnologia e educação já é, em si mesmo, um ato interdisciplinar. No ensino, ele é facilitado por ferramentas que dão aos alunos a possibilidade de conectar informações e criar as próprias lógicas em relação aos conhecimentos.
Ensino híbrido
Com foco na integração do universo digital ao espaço físico educacional, o ensino híbrido é mais um alvo para as instituições que querem unir tecnologia e educação. Esse conceito mescla metodologias presenciais e EaD para otimizar o ensino e permitir uma aprendizagem mais fluida e com maior aproveitamento.
Essa estratégia é cada vez mais comum, já que as ferramentas digitais fazem parte do cotidiano dos alunos. É possível valorizar a aprendizagem individual com os materiais disponibilizados na plataforma e, de forma paralela, complementar os conhecimentos adquiridos com a interação na sala de aula.
Quais são os benefícios do uso da tecnologia na educação?
Já ficou claro como a tecnologia é importante para a educação no mundo moderno. Apesar de existirem desafios para a adaptação, isso proporciona muitos benefícios, que podem transformar a experiência escolar. Conheça alguns deles.
Compartilhamento de conteúdos
Uma vantagem significativa proporcionada pela tecnologia é a possibilidade de compartilhamento de conteúdo. As turmas podem ter espaços próprios na internet, como o Google Docs, para a troca de informações e para registrar as atividades realizadas. A escola pode incentivar os estudantes a criar um blog ou página em rede social para interagirem
Com isso, os alunos podem aprender colaborativamente. Também é uma maneira de favorecer a interdisciplinaridade, afinal, os conteúdos podem ser relacionados. Os benefícios para os estudantes são muitos, pois eles desenvolvem a comunicação, expressividade e autonomia.
Projetos mais bem elaborados e conduzidos
A Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP) é uma metodologia de ensino que apresenta ótimos resultados. Ela consiste na investigação mais aprofundada de determinado tema pelo olhar de diversas áreas do saber.
Os recursos tecnológicos são essenciais para isso, pois permitem a pesquisa, a compreensão e a elaboração de produtos. Dessa maneira, é possível conduzir melhor o trabalho, integrar mais a turma e favorecer o aprendizado.
Como consequência, os estudantes se tornam mais preparados para o mundo moderno, desenvolvendo habilidades essenciais para sua vida acadêmica e profissional. Além disso, estimulam a criatividade e o senso crítico, para perceberem as informações de maneira mais completa.
Correção de exercícios facilitada
Os tradicionais “exercícios de fixação”, muito importantes para o aprendizado, ganham novas características com o uso da tecnologia. Eles podem ser realizados a partir de recursos como games ou de atividades práticas que permitam explorar as teorias aprendidas.
A forma de correção também fica mais dinâmica. É possível fazer isso de maneira colaborativa, com a participação dos estudantes. Também existem plataformas que acompanham a resolução dos exercícios e indicam aos professores o ritmo de aprendizagem dos alunos e os pontos que geram mais dificuldades.
Melhoria na aprendizagem individual
A aprendizagem segue um ritmo individual e precisa respeitar as características particulares dos estudantes. Esse sempre foi um grande desafio para as escolas e para os educadores, pois, em uma turma com muitos alunos, a acessibilidade e a diversidade são difíceis de serem contempladas.
O Censo Escolar de 2018 apontou 1,2 milhão de matrículas de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou com altas habilidades. Em comparação ao ano de 2014, representa um aumento de 33,4%. Assim, é importante que as escolas estejam adaptadas.
Nesse sentido, existem muitos recursos para um ensino mais personalizado. O sistema de gestão escolar pode acompanhar o desempenho e o engajamento dos estudantes e indicar as melhores alternativas para atender às necessidades individuais ou do grupo.
Isso é fundamental para oferecer uma aprendizagem completa para estudantes que tenham alguma dificuldade pontual ou com necessidades especiais. A riqueza de elementos visuais, auditivos e até táteis é um importantes elemento para proporcionar acessibilidade na escola.
Por que adotar a tecnologia na escola?
Como vimos, existem muitas possibilidades e vantagens do uso da tecnologia na educação. Por isso, ela é considerada essencial no mundo moderno. Veja mais alguns motivos para adotar a tecnologia nas escolas.
Melhoria na interpretação das informações
Para que uma pessoa consiga interpretar bem as informações, precisa conhecê-las por diferentes perspectivas. Nesse sentido, o aprendizado interdisciplinar e com experiências práticas pode contribuir para uma compreensão mais ampla dos temas estudados.
Além disso, o estímulo às trocas de conhecimentos entre os estudantes é excelente para que eles percebam a matéria de maneira mais completa. As ferramentas de leitura mais dinâmicas podem ser um bom incentivo.
As escolas também podem contar com ferramentas para aprendizagem prática, como impressão 3D, inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT) São formas de enriquecer o cotidiano escolar e a visão de mundo dos estudantes.
Melhoria nas discussões em sala de aula
O smartphone parece um problema em sala de aula? Pois ele pode se tornar aliado. Isso porque permite a troca de informações entre a turma e estimula a participação dos estudantes. Nesse sentido, os celulares servem como fonte de pesquisa ou mesmo de criação.
Da mesma forma, podem ser gerados fóruns e grupos de debate que ampliam os estudos feitos em sala. Com isso, a escola se aproxima da realidade dos estudantes, que estão sempre conectados, e eles conseguem ter uma participação mais ativa no próprio aprendizado.
Integração das aulas presenciais e EaD
Como mencionamos, o ensino híbrido é uma tendência para a educação e deve ser explorado para trazer muitos benefícios aos estudantes e professores. Para que isso seja feito de forma proveitosa, é fundamental que a tecnologia esteja presente na rotina escolar e não apenas em atividades feitas em casa.
A escola pode, por exemplo, contar com aplicativos próprios para o aprendizado, que permitam a realização de atividades que integrem as aulas presenciais. O interessante é que isso seja parte das aulas para que as atividades de EaD fluam bem.
Aulas mais inovadoras
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresenta a inovação na educação como uma necessidade para superar as dificuldades do aprendizado. Nesse sentido, a tecnologia assume um papel fundamental para tornar o ensino mais dinâmico e atraente.
Entretanto, não adianta usar os recursos modernos e manter as mesmas metodologias tradicionais. É importante buscar formas criativas e ricas de explorar o melhor que o mundo digital pode oferecer. Para isso, uma alternativa interessante é apostar nas metodologias ativas de aprendizagem.
Portanto, a transformação digital traz importantes mudanças à sociedade e não pode passar em branco nas instituições de ensino. Se bem articulada, a união de tecnologia e educação permite uma gestão educacional mais eficiente e um ensino mais dinâmico e contextualizado ao mundo atual.
Se você gostou deste artigo, aprofunde-se no assunto ao descobrir quais são as tecnologias fundamentais para instituições de ensino!