Educação no século 21: fique por dentro das particularidades e desafios
O protagonismo dos estudantes é uma das grandes características da educação no século 21. Com a transformação digital, a democratização do conhecimento veio a todo vapor. Na mesma medida, o mercado de trabalho passou a buscar habilidades diferentes, forçando os sistemas de ensino a pensarem em desenvolvimento cognitivo e comportamental, além do intelectual.
Hoje em dia, as escolas e os professores precisam encarar as transformações com firmeza, estar atentos a metodologias ativas de aprendizagem e buscar posturas diferentes em sala de aula para conseguir agregar mais conhecimento aos alunos do que a internet pode oferecer.
Essas são apenas algumas das problemáticas sobre as mudanças na educação. Vamos destrinchá-las?
Quais eram as características da educação no passado?
Antigamente, o papel dos professores era reproduzir conhecimento, enquanto os alunos recebiam lições e se preparavam para provas. Hoje, as escolas continuam aplicando provas, mas o ambiente de escolas renomadas também valoriza a prática, coloca o estudante como protagonista de seu próprio aprendizado e, ainda, tenta proporcionar uma formação mais ampla, pois o estudante é visto como o responsável pelo seu avanço.
A Educação do século 21 traz a necessidade de um olhar diferente sobre a sala de aula e, em especial, sobre a relação entre docente e aluno. Cada vez mais, há uma construção coletiva e dinâmica da aprendizagem, com estudantes compartilhando experiências e buscando métodos de ensino ativos.
Para garantir o interesse por parte da turma, a figura do professor se assemelha mais à de um orientador. O docente apresenta as ferramentas didáticas e tecnológicas para conduzir o aluno em sua trajetória escolar, mas o conhecimento é construído horizontalmente, com a participação ativa dos alunos.
A relação entre as mudanças na Educação e a evasão escolar
A abordagem mais horizontal na Educação também ajuda a contornar um quadro preocupante de evasão escolar. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua de 2018 indicam que 11,8% dos jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola.
No mesmo sentido, o Censo Escolar 2018, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostra que houve queda de cerca de 220 mil no número de matrículas no ensino médio entre 2017 e 2018, incluindo a rede pública e a privada.
A impossibilidade de associar a trajetória escolar à necessidade de trabalhar para ajudar a família e o difícil acesso às escolas são dois palpites que vêm à nossa mente para justificar esse quadro de evasão.
No entanto, um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com base nos dados no PNAD já indicava, lá em 2009, que a falta de interesse dos alunos é o principal motivo do abandono escolar. Na Era Digital, manter os estudantes em sala de aula é um desafio ainda maior.
Afinal, estamos diante da chamada geração Z, a primeira nativa digital. É importante saber lidar com a comunidade acadêmica atual, que dificilmente conseguirá assimilar conhecimentos transmitidos em aulas expositivas e extensas, quando está tão acostumada ao dinamismo e aos múltiplos estímulos dos meios digitais.
Quais são as particularidades da educação no século 21?
O avanço tecnológico e as exigências contemporâneas do mercado de trabalho são duas fundações para as mudanças na educação no século 21. Abaixo, confira alguns dos principais efeitos dessas transformações nos sistemas de ensino.
Uso da tecnologia em sala de aula
Se, até alguns anos atrás, os celulares eram terminantemente proibidos em sala de aula, hoje, notebooks, tablets e outros dispositivos eletrônicos são parte importante do processo de aprendizagem — até porque as crianças da geração Z já nasceram conectadas.
Levá-las para a sala de aula sem integrar a tecnologia pode ser um fator determinante para seu desinteresse, sem contar que essas ferramentas têm se mostrado grandes aliadas da educação, incluindo a gestão escolar otimizada e até mesmo entre os professores, que podem inovar em suas propostas e utilizar recursos pedagógicos diferenciados.
Para que você tenha uma ideia, a pesquisa TIC Educação 2018, elaborada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), mostra que cerca de 90% a 94% dos professores concordam que a tecnologia permite o acesso a materiais mais diversificados e de melhor qualidade.
Ainda, 85% acreditam que os novos métodos de ensino proporcionados pelas ferramentas tecnológicas são benéficos em sala de aula. Entre as principais tendências nesse sentido, estão:
- os materiais digitais — livros em PDF, acesso a notícias e conteúdos complementares em portais digitais e Recursos Educacionais Abertos (REA);
- o ensino híbrido — que alia a experiência face a face da sala de aula com a aprendizagem online em plataformas de educação a distância;
- a gamificação — uso de jogos digitais como recursos complementares no processo de ensino, estimulando a realização de desafios, a solução lógica de problemas e a aplicação prática dos conceitos estudados.
Metodologias alternativas de ensino
As metodologias ativas de aprendizagem são outro ponto-chave na educação no século 21. Elas dizem respeito a alternativas mais dinâmicas para a vivência em sala de aula, que tornam praticamente obsoleta a assimilação passiva de conhecimento de alguns anos atrás.
De acordo com o psiquiatra americano William Glasser, métodos mais ativos do que a leitura ou a observação são muito mais efetivos. Em sua pirâmide da aprendizagem, ele afirma que aprendemos:
- 10% quando lemos;
- 20% quando escrevemos;
- 30% quando observamos;
- 50% quando vemos e ouvimos;
- 70% quando discutimos com os outros;
- 80% quando praticamos;
- 95% quando ensinamos aos outros.
Partindo dessa sistematização, o sucesso das metodologias ativas se consolida a cada dia. Alguns exemplos são:
- a sala de aula invertida — quando o aluno estuda o conteúdo sozinho, por meio do contato prévio com leituras de apoio ou outros materiais. A sala de aula vem depois, com a exposição do professor ajudando a fixar conceitos, elucidar dúvidas e analisar estudos de caso;
- a aprendizagem baseada em projetos (ABP) — quando parte da aula é a resolução coletiva de problemas, com o auxílio da tecnologia. Ou seja, os conteúdos teóricos vêm sempre acompanhados de projetos para aplicação prática dos conhecimentos;
- os laboratórios experimentais — outro forte expoente da aprendizagem ativa é a chamada cultura maker, marcada por experiências estimulantes e que colocam à prova a capacidade criativa dos alunos, como laboratórios de inovação e aulas de programação.
Novas habilidades de vida e carreira
Um estudo da Dell Technologies para o Instituto para o Futuro (IFTF, na sigla original) estima que 85% das profissões de 2030 ainda não existam hoje, mas seu nascimento está sendo impulsionado pela transformação digital. As novas exigências do mercado de trabalho movimentam uma transformação importante na educação.
Mais do que conhecimento técnico, o mundo profissional atualmente — e cada vez mais — valoriza capacidades comportamentais, como a autonomia, a inteligência socioemocional, a criatividade e o protagonismo social.
Nesta leitura, você viu que a educação do século 21 é cheia de particularidades e novos desafios. Abrir espaço para as mudanças trazidas pelo avanço tecnológico e a Era Digital coloca a escola e o professor em posição de vanguarda frente às demandas do futuro, além de estimular o engajamento de um perfil de estudante muito diferente do de antigamente.
Gostou do conteúdo? Para se inteirar ainda mais, leia também nosso texto sobre os principais desafios do uso da tecnologia na educação. Até lá!