Cursos de saúde EAD agora têm hospitais com faculdade própria?
Nos últimos anos, o número de vagas em cursos na área de saúde tem aumentado. Contudo, o grande impulso veio com os cursos de saúde EAD. Essa modalidade, que permite estudar de qualquer lugar, contribuiu para o crescimento dessa oferta.
Paralelamente a isso, uma mudança está acontecendo na formação na área de saúde no Brasil. Novos hospitais universitários, conhecidos pela excelência médica, agora estão adentrando o campo educacional.
As instituições hospitalares passaram a oferecer seus próprios cursos de graduação e especialização em várias áreas, atraindo a atenção de estudantes e profissionais que já atuam no mercado de trabalho.
Quer saber mais sobre essas tendências na área de saúde? Continue a leitura para saber mais sobre os cursos de saúde EAD e os novos hospitais universitários!
Crescimento dos cursos de saúde EAD no Brasil
De acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2021, no intervalo de uma década o número de ingressantes em cursos de graduação na modalidade EAD (Ensino a Distância) aumentou em 474% nas faculdades brasileiras.
A graduações das mais diversas áreas do conhecimento passaram a incorporar modalidades de ensino a distância. Por exemplo, o número de vagas EAD em cursos de Farmácia era de 275 mil em 2017 e chegou a 2 milhões em 2022, de acordo com dados do próprio Conselho Federal de Farmácia (CFF).
No entanto, é importante ressaltar que, mesmo diante desse notável avanço, a modalidade EAD encontra desafios, especialmente em áreas que demandam práticas presenciais intensivas, como as ciências da saúde.
Atualmente, não existem cursos de saúde 100% a distância reconhecidos pelo MEC. Isso significa que a obtenção de diplomas válidos para profissões como Medicina, Enfermagem e Fisioterapia requer a formação na modalidade de ensino presencial ou em modalidades EAD que exigem comparecimento a algumas aulas presenciais.
Nessas modalidades híbridas, parte do curso é ministrada presencialmente, enquanto outra parte é realizada de forma remota. Essa opção busca equilibrar a flexibilidade oferecida pelo ambiente virtual de aprendizagem com a necessidade da experiência prática e do contato direto com os professores e colegas, essenciais para a formação em saúde.
Recentemente, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) emitiu uma nota pública reiterando a importância da presencialidade como condição fundamental para a adequada formação em saúde. Veja o que diz a nota do CNS:
“O CNS reafirma seu posicionamento contrário à oferta na modalidade em EAD para os cursos de graduação da área da saúde, prevendo a possibilidade de oferta de até 20% (Portaria MEC nº 1.134 de 10 de outubro de 2016) da carga horária total em ensino remoto, resguardando alguns componentes curriculares obrigatórios.”
A posição do Conselho reflete o entendimento de que as competências necessárias para o exercício profissional na área da saúde só podem ser plenamente desenvolvidas por meio de práticas presenciais, como estágios clínicos, laboratórios e interações diretas com pacientes.
Hospitais brasileiros com faculdades próprias
A ideia de grandes grupos hospitalares oferecerem cursos de graduação não é uma novidade no Brasil. O Hospital São Camilo, localizado no estado de São Paulo, iniciou essa empreitada já no ano de 2007.
Mas o verdadeiro marco nesse cenário ocorreu em 2016, quando o renomado Hospital Israelita Albert Einstein, um dos maiores do país, inaugurou a sua própria Faculdade de Medicina. Foi um movimento impulsionado pela necessidade de formar profissionais de saúde altamente qualificados para atender às demandas complexas da área.
No entanto, em 2018, o ex-presidente Michel Temer implementou uma portaria que proibia a abertura de novos cursos de Medicina no Brasil. A decisão foi uma resposta às preocupações com a qualidade da formação de profissionais de saúde, dadas às inúmeras instituições privadas que surgiram rapidamente.
Cinco anos depois, o cenário começou a mudar com a revisão das regras pelo Ministério da Educação (MEC). As novas diretrizes do MEC, implementadas em 2023, trouxeram um novo fôlego ao setor. Agora, a abertura de cursos de Medicina é permitida, mas apenas por meio de chamamento público.
Isso significa que novos cursos podem ser criados somente em regiões onde o Ministério identifica uma demanda evidente por profissionais de saúde e onde existem condições adequadas para a formação dos estudantes.
O levantamento do veto à criação de novas faculdades de Medicina abriu caminho para grandes hospitais privados do país entrarem no campo da educação médica. Instituições como o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, a Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP) e a Rede D’Or São Luiz, no Rio de Janeiro, aproveitaram a oportunidade para estabelecer suas próprias faculdades de Medicina.
É uma mudança no cenário educacional que contribui para a formação de profissionais de saúde em locais estratégicos, alinhados às necessidades específicas de cada região do país.
Oportunidades e desafios de ingressar em hospitais universitários
As oportunidades de aprendizado prático em um ambiente clínico renomado são um dos principais atrativos. No entanto, questões sobre valores, oportunidades após os cursos e possibilidades de estágios, muitas vezes, precisam ser esclarecidas.
A seguir, entenda um pouco mais dos desafios e das oportunidades que oferecem os hospitais universitários.
Quais são as vantagens de se formar em hospitais universitários?
Hospitais universitários têm uma abordagem integrada ao ensino, pesquisa e assistência. Isso permite que os estudantes estejam imersos em ambientes clínicos avançados e participem ativamente de projetos de pesquisa e inovação.
A proximidade com a prática clínica desde os anos iniciais do curso proporciona uma aprendizagem prática e aplicada, essencial para profissões da saúde.
O hospital garante o emprego do estudante formado?
Não, a formação em hospitais universitários não garante automaticamente o emprego no mesmo hospital após a graduação. Os profissionais recém-formados, mesmo provenientes dessas instituições, devem passar por processos seletivos semelhantes aos aplicados a outros candidatos.
Para ingressar em programas de residência ou ocupar posições no hospital, os graduados passam pelas avaliações e entrevistas previstas para todos os candidatos.
Qual é o custo para ingressar em hospitais universitários?
Cada hospital universitário no Brasil tem autonomia para determinar o valor das mensalidades cobradas em seus cursos. Na Faculdade de Medicina do Hospital Sírio Libanês, por exemplo, as mensalidades variam entre R$ 2,2 mil e R$ 3,9 mil.
A ascensão dos cursos de saúde EAD e a chegada dos novos hospitais universitários são transformações que reverberam em todo o mercado educacional brasileiro. Esse é um capítulo importante para todos os envolvidos na educação do país.
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