6 casos de sucesso em metodologias ativas de aprendizagem
As metodologias ativas de aprendizagem estão promovendo mudanças significativas nas interações entre docentes, alunos e instituições de ensino. Elas atualizam a forma tradicional de educar e integram novas tecnologias e comportamentos à sala de aula. Por isso, entender como funcionam é essencial para o êxito de uma IES nos tempos atuais.
Isso pode ser alcançado por meio da análise de casos reais de organizações que têm testado e aplicado esses métodos inovadores em suas grades curriculares. Quer saber mais sobre elas? Continue lendo!
O que são metodologias ativas de aprendizagem?
As metodologias ativas consistem em uma nova concepção educacional, em que os alunos são postos como os protagonistas, ou principais agentes, de seu aprendizado. Elas estimulam a crítica, enquanto os professores incentivam a reflexão.
Porém, o foco do processo é, sobretudo, o próprio estudante — em todos os tipos de aprendizagem abordados por elas.
Em uma metodologia ativa, o professor sai do papel de disseminador de conhecimentos e ideias e faz com que os estudantes construam-nas. Logo, o estudante passa a ter um papel ativo e não mais uma postura considerada passiva, como ocorre no modelo de ensino clássico.
Quais os seus benefícios e como podem ser aplicadas?
Capacitação diferenciada dos professores
As metodologias ativas exigem dos professores uma capacitação mais proativa, criativa e voltada ao incentivo de seus alunos. Eles passam a desempenhar novos papéis, agindo como tutores e direcionadores, de modo que devem receber treinamentos para que consigam ensinar com o objetivo de obter maior engajamento e participação dos estudantes.
Os professores desempenham, dentro das metodologias ativas de aprendizagem, diferentes estratégias para conseguir a participação dos alunos. Um exemplo é a sala de aula invertida, em que um grupo de estudantes se aprofunda em um tema e explica aos demais.
Avaliação diferenciada
As formas de avaliação empregadas em metodologias ativas de aprendizagem costumam ser distintas dos modelos convencionais. Isso inclui:
- avaliação dos pares;
- aluno avaliando professor;
- autoavaliação;
- avaliação do professor;
Além disso, há muitos trabalhos em grupo e dinâmicas e as turmas costumam ser menores. Fora do Brasil, existe uma tendência forte de analisar também o desempenho social e emocional de cada aluno.
Sua concepção parte do princípio de que, quando um estudante não tem um conhecimento específico, ele consegue adquiri-lo facilmente no ambiente virtual, ou seja, na internet (desde que saiba fazer pesquisas).
Todavia, para ser tido como um bom profissional, esse aluno necessita demonstrar comportamento social adequado, estabilidade emocional, entre outros traços valorizados pelas organizações. Daí a avaliação envolver esses aspectos.
Processo seletivo
O processo seletivo costuma ser diferenciado em uma metodologia ativa de aprendizagem. Um exemplo ocorre no Insper, caso de sucesso que veremos melhor adiante.
Na seleção de determinados cursos, são avaliadas habilidades socioemocionais dos jovens, especialmente em dinâmicas de grupos. Nelas, analisa-se o pensamento crítico, a interação com pessoas e a comunicação.
O processo seletivo tem incluído os pais, para que eles possam conhecer, previamente, o método de ensino praticado antes da matrícula. Isso ajuda a vencer eventuais barreiras em relação a essas metodologias, já que são diferentes da clássica.
Quais os casos de sucesso no uso de metodologias ativas?
1. Insper
Um exemplo é o Insper, uma instituição de ensino superior muito bem-conceituada, nacional e internacionalmente. Ele, inclusive, foi a segunda escola de negócios brasileira melhor colocada no ranking de educação executiva do Financial Times, de 2017, aparecendo em 47° lugar.
Seu curso de engenharia envolve uma metodologia ativa, sendo especificamente baseado em problemas, isto é, o foco é na resolução deles. Em vez de um currículo clássico, dividido por disciplinas, os estudantes são estimulados a aprender por meio da resolução de problemas.
A dinâmica de aprendizagem é pautada em solucionar desafios reais, identificando dilemas e potencializando a tomada de decisão em um contexto que fomenta diversidade de ideias e maior proatividade. O estudante também é estimulado a planejar sua carreira, de maneira autônoma.
O Insper ainda tem parceria com a Olin College of Engineering, instituição norte-americana referência nesse assunto. Ele se tornou uma espécie de centro de formação, no qual alunos e professores podem descobrir e testar novos modos de aprendizado.
No acordo, o Olin ficou responsável de prestar consultoria e ajudar o Insper em diversas áreas operacionais e acadêmicas, desde desenvolvimento do curso de engenharia, até a contratação dos professores. Também auxilia no processo de seleção/admissão dos estudantes.
Além disso, o Olin colabora com o Insper no desenvolvimento do currículo baseado na metodologia adotada na própria instituição. Ela, por sua vez, ressalta o pensamento empreendedor e o aprendizado prático como um modo de formar graduandos criativos e aptos para conceber novas ideias para a resolução de desafios.
2. Einstein
Outro exemplo é o Einstein, que adota o team based learning (aprendizado baseado em equipes), método predominante em seu curso de medicina. Seus princípios são semelhantes aos das outras metodologias ativas, mas, nesse caso, ocorre a formação de grupos de 6 a 8 alunos. Alguns dos seus enfoques são:
- estudo de material encaminhado antecipadamente pelo docente, o que é feito de 1 a 2 semanas antes da reunião presencial;
- avaliação em grupo ou individual, com feedback imediato para os estudantes envolvidos, antes do começo da discussão dos casos a serem estudados;
- aplicação de conceitos que contextualizem o conteúdo abordado em casos.
3. Faculdade Pernambucana de Saúde
A Faculdade Pernambucana de Saúde é mais um exemplo que emprega a aprendizagem baseada em problemas. Nela, partindo da contextualização e solução de dilemas reais, os alunos, divididos em grupos tutorias com até 12 membros, produzem e constroem ativamente o conhecimento de forma colaborativa. Eles compartilham atividades/tarefas e responsabilidades, sendo supervisionados por tutores.
Os alunos, em um sistema de rodízio, se alternam nas funções de coordenador, ouvinte e secretário, de modo que todos consigam exercer essas responsabilidades repetidas vezes ao longo do curso. O sistema de avaliação mede as competências nos eixos cognitivos, afetivo e psicomotor de forma sistemática e contínua.
4. Unievangélica
A Unievangélica também aplica a metodologia ativa, dando especial ênfase à capacitação dos professores. Ela já ofereceu curso aos professores da área de saúde sobre aprendizado baseado em problemas.
O objetivo envolveu a aplicação, pelos professores, dessa metodologia na prática educacional. Além disso, a capacitação na área ajuda a desenvolver visão crítica das metodologias de ensino e a ter reflexão da prática docente e profissional com base em evidências.
Outras metas envolvem a compreensão, por parte dos docentes, da avaliação do aprendizado no ponto de vista dos grupos tutoriais e a identificação dos constituintes necessários para estabelecimento de um problema que atenda as necessidades de aprendizagem.
5. Grupo Sthem
O Grupo Sthem consiste em um consórcio de instituições de ensino superior que juntou faculdades e universidades no intuito de compreender melhor os novos métodos de aprendizagem. O grupo colabora ainda para desenvolver modelos inovadores de ensino.
Ademais, busca trazer profissionais de fora do país para promover troca de conhecimento entre colegas e aprendizado por projeto, além de ter vínculos de colaboração com Olin College e ser parceiro da Laspau/Harvard.
6. 42
Além das metodologias ativas de aprendizagem, há tendências que apontam para outros modelos de ensino. Um exemplo é a experiência de ensino descentralizado promovida pela 42, uma instituição localizada no Vale do Silício, em um modelo totalmente disruptivo e radical, que segue a lógica do “peer to peer”.
Não há trabalhos, tarefas de casa ou provas em sua grade curricular. Os estudantes desenvolvem projetos previamente definidos pela organização e, à medida que entregam, evoluem na estrutura gamificada, progredindo de níveis entre zero e 21.
Os participantes têm plena liberdade para optar em quais áreas se aprofundar. A partir disso, o aluno ganha projetos cada vez mais complexos para concluir seu currículo, aprendendo no caminho. A duração do curso igualmente depende do aluno, mas há um período médio que vai de três a cinco anos. Como visto, ela faz parte da evolução e disrupção do ensino dado no modelo clássico.
As metodologias ativas de aprendizagem estão mudando a forma como muitas instituições de ensino organizam suas grades curriculares e promovem o conhecimento entre os alunos. Elas fazem parte de um novo passo no ensino, sendo impulsionadas por novas tecnologias e comportamentos de alunos.
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