Como implantar a Governança Corporativa em instituições de ensino
Um tema que tem ganhado relevância no meio educacional é a governança corporativa. Esse fator está profundamente ligado à evolução do modelo de gestão, especialmente em organizações que contam com estrutura mais familiar e tradicional.
Além disso, uma boa governança beneficia a qualidade do serviço/produto oferecido e é capaz de otimizar a administração de uma IE, mesmo diante de um modelo político estabelecido. Nesse contexto, ela possibilita estabelecer articulações e relações produtivas que potencializam o desempenho da instituição.
Para entender melhor sobre como a governança corporativa em instituições de ensino pode modificar e melhorar o modelo de gerenciamento, preparamos um pequeno guia apontando seus principais impactos. Acompanhe!
Como a governança corporativa se relaciona aos modelos de gestão?
Muitas das instituições de ensino superior e das escolas são organizações familiares em sua origem. À medida que as gerações chegam e avançam à frente da gestão dessas companhias, aumenta a quantidade de pessoas com laços de parentesco que participam do empreendimento.
Contudo, nem sempre elas estão preparadas ou têm perfis apropriados para assumir posições de gerenciamento no negócio que está em desenvolvimento ou até mesmo em expansão. Nesse contexto, a necessidade de uma boa governança corporativa ganha força.
Ela, basicamente, corresponde ao modo ou a um sistema pelo qual as companhias são monitoradas, dirigidas e incentivadas, englobando a relação entre gestores e sócios. Tem como foco trabalhar o papel da IE na sociedade, prezando por boas práticas de gerenciamento, pela maximização dos investimentos e pela redução de riscos para os envolvidos.
Ela ainda pode ser descrita como o conjunto cultural, institucional e legal de todos os aspectos que determinam, de forma pública, o que a IE deve executar na sociedade. Aponta quem a gerencia, como seu controle é feito dentro e fora, quais suas políticas etc.
Em um sentido mais estrito, ela é uma espécie de sistema de gestão que envolve o relacionamento entre conselho de administração, acionistas, comitê de auditoria, conselho fiscal, auditoria externa, diretoria executiva e as demais partes da instituição. A governança corporativa busca garantir que a IE se desenvolva e seja capaz de inovar continuamente para assegurar seu lugar no mercado e gerar um bom fluxo financeiro ao longo do tempo.
Qual o papel da governança corporativa em instituições de ensino?
Dentro de IEs com modelos de gestão tradicionais, a governança corporativa atua como uma metodologia que separa os proprietários da gestão, viabilizando a modernização e atualização dos processos de decisão.
Ela funciona como um trabalho de consultoria que tem como principal objetivo a separação da gestão do capital. Por exemplo, em estruturas familiares, a governança age organizando os papéis da família ou de grupo de amigos que detêm o capital da instituição.
Em se tratando de gestão familiar, é preciso destacar que a dissociação entre a propriedade e o controle pressupõe a presença da governança corporativa. Em linhas gerais, ela tem como foco preservar relações transparentes e os interesses dos stakeholders e da instituição. Isso envolve:
- a entidade mantida, que é a representante da estrutura de controle, ou seja, do corpo técnico administrativo, de dirigentes e de docentes;
- a entidade mantenedora, que é a representante da estrutura de propriedade, a qual envolve os instituidores, acionistas ou sócios etc.;
- os fornecedores;
- a comunidade acadêmica ou corpo discente;
- o governo;
- a sociedade como um todo.
Quais são os benefícios da gestão profissional?
A governança corporativa tem relação com uma gestão profissional que busca formas de melhorar a condução da IE. Para isso, ela adota indicadores de desempenho, políticas de controle, sistemas automatizados, entre outros instrumentos que mudam completamente o modo de gerir os negócios. Dessa forma, ela fornece diretrizes e apoio ao Reitor ou CEO e aos demais gestores.
Afinal, eles têm que ter dados para tomar decisões, definir metas e estabelecer estratégias que serão adotadas para a expansão da IE de forma sustentável e contínua. Além disso, necessitam de instrumentos de monitoramento para acompanhar as metas e reportar aos acionistas. Estes indicadores mostrarão aos acionistas a situação geral e o alinhamento do negócio com suas expectativas de estratégia e rentabilidade.
Os novos modelos de gestão, amparados por práticas de governança corporativa, trazem impactos e reflexões não só para instituições de origem familiar, mas também para outros tipos. Entre elas, as confessionais e diversas entidades que funcionam em rede (múltiplas unidades), no formato mantenedor/mantido.
Nesse último caso, cada uma das unidades mantidas também deve ter uma gestão profissional, porque ela terá que fornecer dados gerenciais e operacionais para as organizações mantenedoras.
Quais são os riscos quando essa evolução não é realizada em sintonia com o mercado?
Quando não há essa evolução e modernização, a instituição corre o risco de “andar para trás”, ou seja, de manter uma gestão defasada e aquém das boas práticas do mercado. Por causa disso, poderá chegar um momento em que será necessário efetuar uma mudança drástica, sob pena de perder mercado e, consequentemente, encolher a instituição.
A IE também poderá ser vendida a outro grupo educacional. Aliás, se olharmos o contexto brasileiro atual, poucos grupos educacionais estão concentrando as fusões e aquisições por todo o país, dominando o setor educacional. Neste aspecto, a maturidade de governança é um dos fatores principais na valorização do negócio e, também, de defesa neste cenário competitivo.
É preciso passar por uma profissionalização e evolução do modelo de gestão adotado na instituição de ensino, mesmo que isso provoque algumas “dores” no processo, como a necessidade de os fundadores terem de se acostumar a novas funções. Afinal, não serão mais só eles que tomarão todas as decisões, já que, para crescer, é preciso contar com outros profissionais renomados e competentes para isso.
O que fazer para evitar esses riscos?
A instituição que se vê diante desses riscos necessita se reorganizar e buscar pessoas capacitadas para lidar com os desafios, o que pode ser feito por meio de uma consultoria especializada. Também é importante contar com uma assessoria que tenha experiência com governança corporativa em instituições de ensino para orientar sobre como conduzir a profissionalização do modelo de gestão.
Ela poderá fornecer apoio para a organização da instituição e contribuirá para evitar que a evolução da gestão fique atrelada a uma pessoa específica, como, no caso de uma estrutura familiar, o patriarca ou fundador.
Dessa forma, essa figura central poderá ser poupada de constrangimentos no trato com outras pessoas da família inseridas na administração. Consequentemente, há chances de haver maior liberdade para discussão de reflexões e concordâncias.
Existem profissionais certificados nessas consultorias que contam com experiências vividas em outras IEs. Eles podem trazer conhecimentos atualizados, inovadores e alinhados às melhores práticas de mercado. Dessa forma, suas vivências conseguem contribuir para “arejar” a organização.
Quais tecnologias digitais utilizar para apoiar a governança corporativa em instituições de ensino?
Primeiramente, é essencial investir em um bom sistema de gestão acadêmica e financeira para a IE, que seja capaz de entregar informações valiosas para a tomada de decisão. A evolução dos modelos de gestão depende de decisões que envolvem a adoção de novas tecnologias, sistemas de gestão de mercado, ferramentas de migração para a nuvem etc.
Essas soluções podem não só fornecer suporte para a execução de atividades operacionais e gerenciais, como disponibilizar recursos que geram diferenciais. Entre eles, ferramentas de acompanhamento de indicadores, pesquisas de satisfação e ações importantes para a delimitação de estratégias.
Tendo acesso a múltiplos dados da empresa, o gestor profissional poderá saber em que níveis se encontram as medidas para atingir as metas, bem como reconhecer os profissionais que contribuem para o alcance dos resultados.
Também conseguirá traçar estratégias e colaborar para a adoção das melhores práticas de grandes corporações, no intuito de fazer com que a IE possa crescer e atender a um público maior, com mais qualidade.
Vale ressaltar que há instituições de ensino inovadoras e de crescimento em que a família permanece ocupando as posições de gestão. Mas é preciso olhar para a inovação, trazer ideias novas de outros países e ficar atualizado em relação à tecnologia.
Para tanto, é necessário investimento na capacitação e profissionalização dessas pessoas, bem como captar talentos de fora do núcleo familiar original que poderão apresentar contrapontos e ideias novas. Tudo isso pode cooperar para a boa governança corporativa em instituições de ensino, ajudando, ainda, na evolução de seus modelos de gestão.
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