O Brasil deu um passo histórico em 31 de outubro de 2025, com a sanção da Lei Complementar nº 220/2025, que institui o Sistema Nacional de Educação (SNE). Depois de décadas de debates, o país finalmente passou a contar com um arcabouço legal que organiza a cooperação entre União, estados, municípios e Distrito Federal, estabelecendo responsabilidades claras, mecanismos de financiamento e padrões de qualidade para toda a educação básica e superior.
A seguir, você entenderá o que o SNE representa, como ele funciona e quais mudanças traz para redes, gestores e instituições.
O que é o Sistema Nacional de Educação (SNE)
O SNE é uma estrutura permanente que organiza como os entes federativos devem atuar de forma cooperativa na formulação e execução das políticas educacionais. Ele transforma em norma o que a Constituição de 1988 já determinava: a educação deve ser um sistema articulado, com colaboração entre os entes e garantia de direitos educacionais de forma equitativa.
O caminho até a aprovação
A criação do SNE estava prevista desde a Constituição e reapareceu como meta estrutural do Plano Nacional de Educação (PNE). Mesmo assim, diferentes propostas ficaram paradas no Congresso ao longo dos anos.
A aprovação da Lei Complementar nº 220/2025 consolidou essa pauta e colocou o Brasil em sintonia com modelos internacionais que integram governança e financiamento educacional.
Objetivos e princípios que estruturam o SNE
O SNE busca dar coerência à educação brasileira, reduzindo desigualdades e consolidando padrões mínimos de qualidade.
Cooperação federativa como eixo do sistema
A lei estabelece que União, estados e municípios devem trabalhar com responsabilidades compartilhadas. Essa colaboração não substitui a autonomia de cada esfera, mas evita sobreposições e garante que todos sigam diretrizes comuns.
Planejamento articulado e metas integradas
Os planos decenais nacional, estaduais e municipais passam a ser coordenados entre si. Com isso, políticas de aprendizagem, formação de professores, infraestrutura e currículos ganham maior continuidade e alinhamento.
Equidade e garantia de direitos
O SNE reforça que o acesso à educação não pode variar conforme o território. Para isso, assegura parâmetros nacionais que orientam investimento, infraestrutura, formação e atendimento pedagógico.
Como o SNE funcionará na prática
A Lei Complementar nº 220/2025 detalha instrumentos e instâncias de governança que irão operacionalizar o sistema.
Instâncias de governança e pactuação
A Comissão Intergestores Tripartite da Educação (CITE) é o principal organismo de articulação. Formada por representantes dos três níveis federativos, ela será responsável por pactuar diretrizes, metas e políticas nacionais.
Estados e municípios também devem criar instâncias similares, como comissões bipartites para adequar as decisões às realidades regionais.
Planejamento baseado em evidências
O SNE reforça o uso de diagnósticos nacionais, avaliações e dados integrados como base para decisões. A legislação prevê articulação com sistemas de informação já existentes e a criação de mecanismos para monitorar continuamente resultados de aprendizagem, fluxo escolar, infraestrutura e condições docentes.
Financiamento orientado pelo Custo-Aluno-Qualidade (CAQ)
O financiamento educacional passa a seguir uma referência nacional: o Custo-Aluno-Qualidade (CAQ). Ele define quanto deve ser investido por aluno para garantir padrões mínimos de qualidade.
Caso estados ou municípios não alcancem esse valor, caberá à União complementar financeiramente, mecanismo semelhante ao que ocorre no Fundeb, mas agora ampliado e sistematizado pelo SNE.
Avanços e potenciais transformadores do SNE
A regulamentação do Sistema Nacional de Educação abre caminho para mudanças estruturais.
Padronização mínima de qualidade
Com normas nacionais para infraestrutura, recursos didáticos, currículo e formação docente, redes de ensino devem reduzir desigualdades históricas e elevar padrões mínimos de qualidade em todo o país.
Estabilidade das políticas educacionais
O planejamento decenal e a governança federativa tornam políticas públicas menos vulneráveis a mudanças de gestão. A educação passa a ter continuidade e previsibilidade.
Valorização de profissionais e melhor gestão
Políticas articuladas de formação, carreira e condição de trabalho tendem a fortalecer a atuação docente e melhorar a gestão escolar.
Desafios e riscos na implementação
Apesar dos avanços, o SNE exigirá grande capacidade política, administrativa e financeira dos entes federativos.
Cooperação complexa entre entes
O Brasil conta com mais de 5 mil municípios com diferentes capacidades técnicas. Integrar todos em um modelo cooperativo exigirá pactuação contínua e apoio da União.
Financiamento adequado
Garantir o CAQ requer investimentos adicionais e estabilidade fiscal. Sem isso, o risco é que o sistema exista apenas no plano normativo.
Disparidades regionais
Regiões com menor infraestrutura educacional precisarão de apoio ampliado para se adequar aos padrões do SNE. A execução desigual pode comprometer a equidade buscada.
O que muda para escolas, gestores e redes
O SNE traz impactos diretos para a operação das redes de ensino.
Responsabilidades reforçadas
Secretarias e escolas devem alinhar seus planejamentos às metas nacionais e garantir infraestrutura, recursos pedagógicos e formação docente compatíveis com os padrões definidos.
Mais planejamento e monitoramento
O acompanhamento de indicadores se torna parte essencial da gestão escolar. Fluxo, aprendizagem, cobertura e infraestrutura passam a ser monitorados de forma sistemática.
Integração entre políticas públicas
Programas de formação, avaliação, currículo e inovação passam a dialogar com instâncias nacionais e estaduais, reduzindo fragmentação e melhorando resultados.
Próximos passos: o que acompanhar
Mesmo sancionado, o SNE ainda depende de regulamentação detalhada por decretos e normativas do Ministério da Educação (MEC).
Nos próximos meses deverão ser publicados:
- Regulamentos da CITE e das instâncias bipartites.
- Diretrizes para o CAQ.
- Normas para planejamento e pactuação entre redes.
- Indicadores nacionais de qualidade e acompanhamento.
Esses documentos definirão como o SNE será aplicado no dia a dia das instituições.
A criação do Sistema Nacional de Educação marca um divisor de águas na organização educacional brasileira. Ao estabelecer regras claras de cooperação, padrões mínimos e mecanismos de financiamento equitativo, o país dá um passo histórico na direção de uma educação menos desigual e mais estruturada.
A efetividade do SNE dependerá da capacidade de pactuação federativa, financiamento adequado e compromisso contínuo com a equidade. Mas, pela primeira vez, o Brasil tem uma lei que organiza de forma sistêmica e permanente o direito à educação para todos.

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